Imagine quão fácil seria administrar uma empresa que vende mensalmente o mesmo volume de produtos, recebe o dinheiro à vista e seus custos e despesas são diretamente proporcionais e constantes. Neste caso, os riscos de um problema financeiro seriam mínimos diante do equilíbrio nas entradas e saídas de recursos. As companhias, no entanto, vivem um cenário muito mais complexo em que as vendas são feitas a prazo, as operações demandam investimentos elevados e o negócio está sujeito a eventos imprevisíveis. Nesse ambiente, é a gestão do capital de giro que determina a perenidade de uma companhia.
De maneira simplificada, o capital de giro é o controle do dinheiro que vai entrar e sair em um espaço determinado de tempo, no geral em cerca de 12 meses. Na contabilidade, ele é calculado como a diferença entre o ativo circulante e passivo circulante. Estão contabilizados nesse tipo de ativo tudo aquilo que pode ser convertido em dinheiro no curto prazo: o dinheiro em caixa, investimentos financeiros, movimentações em banco, estoques, matérias-primas. E entra nesse passivo tudo o que precisa ser pago nos meses seguintes: impostos, empréstimos, custos com pessoal, etc.
Separamos algumas dicas que podem ser essenciais para te ajudar a entender esse conceito contábil e aplicar da melhor maneira no seu negócio:
1 – Estudar as características do negócio
Sem equilibrar o que entra e o que sai do caixa, a companhia pode ficar sem dinheiro para arcar com as suas obrigações e ficar inadimplente. Para que isso não aconteça, a primeira dica é estudar as características do seu negócio. Algumas perguntas básicas podem direcionar esse processo: quais são os custos e despesas da operação da sua empresa? E os prazos de pagamento? É possível cortar gastos? Os recursos à disposição são suficientes para fazer esses pagamentos? Como são as receitas? São previsíveis? Seu negócio tem alguma sazonalidade?
Uma empresa pode, por exemplo, atuar no ramo de turismo e vender mais serviços em dois momentos: as férias do meio do ano e no fim do ano. Assim, a companhia precisa se organizar para que o dinheiro que entra em dois períodos determinados devido à sazonalidade seja distribuído nos custos e despesas presentes nos 12 meses do ano.
2 – Negociar prazos e descontos
Com essas perguntas respondidas e com o diagnóstico em mãos, o empresário pode buscar otimizar suas operações ao negociar prazos e descontos. Essa é a nossa segunda dica. É possível, por exemplo, alongar o prazo de pagamento de matéria prima para aproximar o prazo de saída de caixa com a entrada resultante das vendas. A negociação de descontos dos insumos é uma alternativa para reduzir as contas a pagar e ajustar o capital de giro.
No caso de hotéis, por exemplo, que são afetados pela sazonalidade que mencionamos, é importante identificar os períodos historicamente de baixa ocupação para fazer promoções ou qualquer atividade que vise aumentar a receita nos períodos de baixa. Ao mesmo tempo, pode-se buscar reduzir os custos e despesas da operação com fornecedores e prestadores de serviço.
3 – Antecipar contas a receber
A terceira dica pode tornar as operações da companhia mais estáveis e reduzir os riscos financeiros: antecipar as contas a receber ou os “recebíveis” no jargão do mercado financeiro. O objetivo é receber à vista os recursos que seriam pagos no futuro. Para que isso seja possível, o empreendedor abre mão de uma parcela do valor via pagamento de juros, que varia conforme a linha de crédito e a instituição financeira envolvida.
Existe uma série de possibilidades, desde linhas simples no banco como desconto de duplicatas até operações maiores via mercado de capitais como a emissão de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI). As linhas de crédito mais simples servem para pagar custos e despesas básicas como salários e o banco, em geral, fará poucas exigências. O volume desses empréstimos, no entanto, é normalmente mais baixo e as empresas precisam buscar mais alternativas para equilibrar as entradas e saídas de dinheiro do caixa.
Operações mais estruturadas de antecipação de recebíveis, como as que envolvem a emissão de CRI, são muitas vezes decisivas para garantir a viabilidade de um negócio. No ramo da construção, por exemplo, o descasamento de caixa pode ser muito grande e a companhia pode facilmente ficar sem capital de giro. Isso porque as incorporadoras precisam fazer muitos investimentos para colocar o empreendimento de pé, enquanto recebem os valores das vendas em um prazo muito longo de tempo, às vezes em 30 anos.
4 – Fazer um planejamento
Com o diagnóstico das entradas e saídas de recursos da companhia, é possível avaliar as opções de otimização dos custos e as possibilidades de antecipação de recebíveis. Dessa forma, a empresa pode fazer um planejamento aprofundado de como gerenciar o seu capital de giro e a execução desse processo vai contribuir para a saúde financeira da companhia.
Mesmo em setores muito lucrativos e em negócios com muito potencial de sucesso, a falta de capital de giro pode levar empresas à falência em um curto espaço de tempo. Entender o fluxo de caixa da operação, negociar condições mais favoráveis com os parceiros e antecipar os recebíveis futuros são ótimas alternativas para garantir a saúde financeira do negócio.
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