A poupança e o Fundo de Garantia de Tempo de Serviço (FGTS) são historicamente as principais fontes de recursos para o financiamento do setor imobiliário brasileiro. Esses dois bolsos, no entanto, devem ser insuficientes para bancar a expansão do crédito daqui em diante e o mercado de capitais avança para ser o grande financiador de projetos nos próximos anos. É o que conta a reportagem da Talita Moreira, do Valor Econômico.
Diante dos desafios, o governo prepara uma série de ações para tornar o mercado de títulos imobiliários mais atrativo para os investidores. Essas iniciativas vão desde a liberação do uso do IPCA para indexar contratos no Sistema Financeiro Habitacional (SFH) até a criação do registro de recebíveis com incorporadoras.
A ideia é fomentar a emissão de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI), Letras Imobiliárias Garantidas (LIG) e Letras de Crédito Imobiliário (LCI). Segundo cálculo feito pelo Valor, o volume desses papéis precisaria aumentar em 50% para preencher a lacuna na falta de recursos no setor.
“Com a expectativa de retomada da economia nos próximos meses, o setor imobiliário deve voltar a crescer com força e o mercado de capitais será um importante financiador desse desenvolvimento”, afirma Marcelo Yazaki, diretor de Relacionamento com Investidores da Fortesec. Além disso, o aumento da procura dos investidores por títulos lastreados em recebíveis imobiliários viabilizará o financiamento de projetos.
O executivo destaca o papel da Fortesec nesse processo. Segundo ele, as operações estruturadas pela securitizadora viabiliza projetos poucos explorados pelo resto do mercado, como é o caso do segmento de loteamentos. “São poucos os players que atuam nesse mercado. Vemos muita oportunidade de crescimento nesse nicho.”
O que torna o ambiente ainda mais favorável para o avanço do mercado de títulos corporativos são as perspectivas para a taxa básica de juros. A Selic está atualmente em 6% ao ano com perspectiva de queda nos próximos meses e contribui de duas maneiras. De um lado, deixa mais barato o financiamento das obras. De outro, leva os investidores a buscar diversificação nas suas carteiras em busca de mais rentabilidade.