Organização financeira - separar PF da PJ

Financiamento da casa, gastos com o carro, aluguel, condomínio, água, luz, gás, supermercado. Essas despesas frequentes são o dia-a-dia normal de qualquer pessoa financeiramente ativa. Essa mesma pessoa, no entanto, pode ser também responsável por uma companhia e precisar lidar com mais uma série de obrigações. A mistura dos gastos da pessoa física com os da pessoa jurídica atrapalha muito a organização financeira da empresa.

 

Quando os gastos da pessoa física são contabilizados dentro da empresa, surgem vários efeitos negativos. Eles começam com a dificuldade na identificação de custos e despesas da companhia e consequentemente menor capacidade de revisão e redução dos gastos. O planejamento financeiro é mais difícil de ser feito, o que afeta a tomada de decisões estratégicas, a contratação de financiamentos e pode até prejudicar o crescimento do negócio.

 

Vamos falar dos principais riscos dessa conduta e sugerir soluções para que isso não aconteça.

 

1 – Dificuldade para iniciar um planejamento

Para que uma empresa seja bem gerida, é necessário o mapeamento de todas as entradas e saídas de recursos do caixa. Quais os principais custos e despesas? É possível reduzir esses gastos? O dinheiro da venda de produtos e serviços é suficiente para arcar com todas as obrigações? Os recursos entram na mesma velocidade em que saem do caixa? Alguma linha de crédito pode ajudar a aprimorar a estrutura financeira da empresa?

Essas e outras questões são respondidas no planejamento financeiro da companhia. Uma vez que os gastos da pessoa física são misturados com os da pessoa jurídica, todo esse processo passa a ser mais complicado e isso prejudica a gestão eficiente do negócio.

 

2 – Dificuldade para conseguir financiamentos

Na hora de buscar um financiamento, seja no mercado de capitais ou por meio de bancos, a primeira ação de quem vai emprestar o dinheiro é fazer um raio X profundo da companhia para entender a saúde financeira do negócio. A mistura dos gastos da empresa com os do seu dono polui a leitura do fluxo de caixa e dificulta a análise, impossibilitando muitas vezes a contratação da linha de crédito.

Lembre-se que a contratação de financiamentos possibilita a aceleração do crescimento da empresa e, quando bem estruturado, aprimora a estrutura financeira do negócio. Existem diversas opções de linha de crédito, mas sem aderir a uma delas, todo o dinheiro a ser investido acaba saindo do bolso dos acionistas da companhia.

 

3 – Dificuldades fiscais

A Receita Federal acompanha de perto o pagamento de impostos tanto de pessoa física, quanto de companhias e as alíquotas, nesses casos, não são as mesmas. A mistura desses diferentes tipos de gastos ou a retirada de dinheiro da companhia pelo proprietário, a depender da maneira como for feita, pode gerar problemas com o Fisco.

 

Saída prática: uso do Pró-Labore

A saída para a organização do fluxo de caixa tanto da empresa como do sócio administrador do negócio está no Pró-Labore. Essa é uma das formas de remuneração dos sócios, uma espécie de salário para os donos que também desempenham tarefas práticas dentro da companhia. Essa forma de pagamento, no entanto, é diferente da distribuição de dividendos e lucro sobre capital próprio porque entra dentro dos custos da empresa e difere do pagamento dos demais empregados sob o ponto de vista das leis trabalhistas.

Para que o Pró-Labore seja definido, o primeiro passo é avaliar as atividades que o sócio desempenha dentro da companhia. Então, busca-se no mercado a média salarial de profissionais que exercem as mesmas atividades e, assim, define-se quanto deverá ser pago por essa modalidade de remuneração.

 

A construção civil é um segmento de capital intensivo e, por isso, a gestão financeira precisa ser a mais eficiente possível para que o negócio seja sustentável e evitar o descasamento de caixa. O controle dos custos, despesas, entradas e saídas do caixa da empresa são essenciais para que o negócio seja saudável. Uma estratégia para aprimorar a gestão é a criação de centros de custo.

Os centros de custo nada mais são do que a separação dos gastos de acordo com as suas características. Pense como se cada centro fosse uma unidade de negócio diferente. O benefício dessa estratégia é a facilidade de controle e de aprimoramento de cada um deles: pode observar, por exemplo, que o centro de custos produtivo não está eficiente e precisa passar por uma reformulação.

 

Empresas do ramo da construção civil precisam ter gestão eficiente para que obtenham lucro aos seus acionistas. O primeiro passo nesse sentido é evitar a mistura de obrigações dos sócios com as da própria companhia. Isso facilita a análise do andamento dos negócios e evita uma série de problemas subsequentes como a dificuldade no planejamento financeiro, na contratação de financiamentos e na hora de pagar impostos. A criação de centro de custos dentro da companhia também ajuda a aprimorar a estrutura do negócio.

 

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